"Em toda a infância houve um jardim. Isto é coisa de poetas."

Augustina Bessa-Luís

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Arquimedes e Galileu...

Uma das coisas que me fascina no trabalho com as crianças da EPE são as possibilidades de escolhermos os vários “caminhos” que nos podem fazer chegar a um mesmo lugar. Muitas vezes são “caminhos” que saem fora da rota pré estabelecida e que nos levam a descobertas inesperadas. E tem sido assim, que ao longo dos séculos, se têm feito descobertas importantes para a Humanidade.

Esta é uma faixa etária em que as descobertas provocam, geralmente, o maior deslumbramento. Estas duas actividades, que partiram de uma “novidade” trazida pelo André e pela vontade de dizer Bom-dia ao Sol, de uma forma inesperada, levaram-nos às teorias de dois cientistas, Arquimedes e Galileu, que há alguns séculos atrás fizeram importantes descobertas.

Como tudo aconteceu de uma forma inesperada, tivemos de recorrer aos materiais que tínhamos “à mão” o que não nos permitiu ir “mais além” nas nossas descobertas … Fica a promessa de nos munirmos materiais mais adequados e um dia destes realizar estas duas experiências de uma forma mais organizada. Assim ficaremos a conhecer melhor o conceito de “impulsão”, descoberto por Arquimedes, e o movimento de translação, descoberto por Galileu.

Princípio de Arquimedes"Todo corpo mergulhado num fluido em repouso sofre, por parte do fluido, uma força vertical para cima, cuja intensidade é igual ao peso do fluido deslocado pelo corpo."

O André trouxe uma pequena bóia das redes, que por estar partida se deve ter soltado. Foi o pai que lha ofereceu, quando no dia anterior o levou a andar no barco de pesca do tio, no rio Cávado, e lhes aconteceu uma peripécia que o André contou todo divertido… O barco tinha ficado sem combustível e foi uma aventura chegar até “ao sítio onde os barcos ficam estacionados”, pois outro barco teve de os rebocar…
Uma das propriedades da bóia era a sua leveza que pudemos sentir pegando nela…Alguém se lembrou da nossa balança e decidimos pesá-la. Lembrámo-nos também da castanha “gigante” que o Ricardo, agora no 1º ano, veio deixar na nossa sala.
Utilizamos a castanha como contrapeso e percebemos que a castanha era mais pesada, porque o prato da castanha estava “mais em baixo”, disse a Jéssica… E, pesados separadamente, a Castanha precisava de mais ursinhos do que a bóia para que a balança ficasse equilibrada.
Tendo em conta a leveza da bóia todos acreditavam que, na água, ela boiaria…mas o mesmo aconteceu com a castanha (apesar de ficar um pouco mais submersa do que a bóia) e com os ursinhos dos “pesos”…porque, segundo o André, a água empurra-os para cima…

Teoria de Galileu: “A Terra move-se ao redor do Sol e do seu próprio eixo. O movimento da Terra em torno do Sol chama-se translação e os dias e as noites derivam do movimento de rotação - aquele em que a Terra faz ao redor de si mesma, do seu próprio eixo."

Num dia de Sol viemos dar os Bons-dias ao Sol… e sentir a sua luz e o seu calor. Neste cumprimento matinal, descobrimos as sombras… que decidimos desenhar no pátio do recreio. Eram sombras muito compridas que, cerca de alguns minutos depois, descobrimos que, se nos colocássemos no mesmo sítio, elas já não coincidiam com a silhueta desenhada no chão. Depois de almoço voltamos a visitar as nossas silhuetas e a testar as nossas sombras que desta vez eram “mais pequenas e ficavam de lado”, disse o Vitor. O que será que tinha acontecido?!… A opinião geral, entre as crianças, era que o Sol se tinha mexido. Como nesse momento recebemos a visita do irmão da Joana, o Filipe, e da Rafaela, que agora já andam no 2º Ciclo, eles deram uma ajudinha na explicação na teoria do movimento de translação. Mas isso da Terra girar à volta do Sol e sobre si mesma e a estrela Sol estar sempre no mesmo sítio, não foi lá uma explicação muito convincente… É que os olhos das crianças dizem-lhe outra coisa: “Se a terra girasse nós ficávamos todos tontos...e o Sol é que mudou de sítio...” Bem, se Galileu conseguiu convencer… eu também hei-de conseguir :o)




Boas descobertas, Amigos...

1 comentário:

  1. Mas que grandes descobertas fizeram, a partir de situações desafiadoras, bem aproveitadas pela Cristina, conseguiram chegar a conteúdos complexos e difíceis para a idade.
    Parabéns!
    Bjs, Juca e Sala Fixe

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