"Em toda a infância houve um jardim. Isto é coisa de poetas."

Augustina Bessa-Luís

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Visita de amigas...

Hoje tivemos a visita de duas amigas que, não estando actualmente a exercer funções na nossa escola, já partilharam muitos bons momentos connosco, a Vera e a dona Elisa... É bom receber as pessoas que gostam de nós e de quem nós gostamos. Voltem sempre porque serão bem-vindas...

domingo, 28 de novembro de 2010

Sombras e Silhuetas

A blogosfera é um espaço de divulgação e partilha por excelência. Existem muitos e variados espaços que podem ser consultados e nos despertar as ideias... Há um que me agrada em especial: chama-se "Palavars M" e é orientado por duas Educadoras de Infância que têm a capacidade de "(re)inventar" com muito bom gosto. 
Foi ao "espreitar" na janela das "palavras" que a minha atenção ficou desperta para as sombras ("região escura formada pela ausência parcial da luz, proporcionada pela existência de um obstáculo") e silhuetas ("onde os contornos se vislumbram, mas não se afirmam"). Sombras e silhuetas que resultaram num trabalho que, se tendo prolongado por algumas semanas, nos permitiu encher a sala de novos conhecimentos e de pôr em prática aqueles que já dominamos. 
Aqui ficam as imagens de um trabalho que concluímos na sexta-feira...


*****Boa semana Amigos*****

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A vendedora de ovos...

A nossa campanha da "poupança" continua em vigor e cada um tem de descobrir formas de conseguir ganhar algum dinheiro para o poder poupar a seguir...
A Beatriz tornou-se numa "vendedora" de ovos e vai ganhando com este "negócio" algumas moedas que tem posto no seu "peteiro" (mealheiro). O seu avô tem galinhas e na terça-feira a Beatriz trouxe uma dúzia de ovos caseiros, que eu lhe paguei com uma moeda de 2€. 
Este "negócio" ofereceu-nos muitas possibilidades matemáticas: para além do valor da moeda, falamos de quantidades de ovos que formam uma dúzia e meia dúzia...tudo isto com os ovos "de verdade" e sem partir nenhum...



À tarde os ovos continuaram a ser as "estrelas" e também foram exploradas possibilidades na área do português... Descobrimos na Biblioteca um livro "velhinho", da colecção "pé ante pé", o nº6, da Porto Editora, que nos ensinou uma lengalenga, oriunda da tradição oral, que permitiu "estabelecer uma sequência narrativa estruturada em termos de relação causa/efeito, e de interpretação muito simples." (Coquet, Viana e Martins)...


"As mulheres do campo, quando vão à vila.
Levam cestos de ovos e galinhas em cima.
Ao passar a ponte, caiu a cestinha.
Partiram-se os ovos. Fugiu a galinha.
-Ó mulher dos ovos, venha cá acima.
-Eu não tenho ovos. Fugiu-me a galinha..."

domingo, 21 de novembro de 2010

Aniversários da semana...e do mês...

Nesta última semana festejamos dois aniversários: o da dona Alice e o da Francisca C.

Para registarmos o número de anos da dona Alice tivemos de solucionar o problema das muitas bolinhas que iriam ser necessárias e do comprimento do fio que seria necessário para as enfiar. Procuramos um material menos volumoso e propus às crianças que fizessem conjuntos de dez até termos cinquenta "peças"... E cinco conjuntos depois, foi só juntar uma bolinha e lá assinalámos os 51 anos da nossa amiga.
Com a Francisca, depois de termos feito o habitual Bolo de Iogurte, a tarefa foi muito mais fácil...foi só juntar 3 bolinhas com 2 flores e chegámos aos 5 anos que ela completou na sexta-feira. Uma mão cheia de beijinhos de Parabéns :o)

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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Rua das Cáries"

"Rua das Cáries" é um livro de Anna Russelmann, que juntamente com a "Aventura dos Alimentos", da mesma autora, me acompanha já há muitos anos. É um dos livros favoritos das crianças e hoje uma das conversas espontâneas do grupo levou-nos até ele...
O Lambão e o Glutão deram o mote para que conversássemos sobre a importância da escovagem dos dentes:

André: Escovo os dentes porque eles ficam sujos e depois custa muito a sair. A minha prima tem uma escova que quando lava os dentes faz barulho (zzzzzzzzzzz). Em minha casa as escovas dos dentes são todas diferentes para eu saber qual é a minha.

Vítor: O meu pai só lava os dentes às vezes, por isso ele tem um dente dourado. Não é amarelo, é mesmo de ouro. Quando eu crescer também vou ter um dente assim. Já fui ao dentista e foi muito fixe, porque lá tem uma coisa que faz cócegas nos dentes.

Gonçalo: Eu lavo os dentes todos os dias e não preciso ir ao dentista. O meu primo tem uma escova, que eu já vi, que tem uma rodinha e depois faz cócegas nos dentes.

Afonso: Eu lavo os dentes todos os dias, a minha mãe, o meu pai, a minha irmã, o meu avô, a minha avó também lavam…Mas o meu cão não, nem a minha cadela…

Beatriz: A minha mãe quer que eu vá ao dentista porque tenho um buraquinho num dente. Mas agora o meu pai está a trabalhar muito longe … na Alemanha, em Espanha e em França e não me pode levar. A minha pasta de casa da avó Lina já acabou e agora tenho outra que é mais fácil de tirar…

Francisca C.: Lavo sempre os dentes de manhã e à noite com pasta sem picante…e nunca me doem os dentes.

Vera: A minha pasta é verde, mas eu não escovo os dentes porque a minha mãe não tem tempo.

Jéssica: tenho uma escova vermelha e branca e um copo. Às vezes a minha mãe ajuda-me porque eu não consigo lavar os dentes lá de trás e ela lava mais rápido… Um dia fui à dentista e ela tirou-me três bichinhos…e não me doeu nada.
As escovas em minha casa são todas diferentes mas usamos todos a mesma pasta.

Pedro: Lavo os dentes antes de ir para a cama. Ponho a pasta na escova vermelha e lavo os dentes sozinho.

Leonor: Eu lavo os meus dentes sozinha, mas a minha mãe está lá sempre a lavar os dela.

João: Já fui ao dentista arrancar dois dentes, porque estavam dois dentes a nascer por trás. Todos os dias lavo os dentes para eles não ficarem sujos.

Joana: Lavo todos os dias os dentes. A minha escova é laranja e a do Filipe é verde.

Francisca D.: Lavo os dentes sozinha, com a escova que está na casa-de-banho. A minha escova está com a do pai, a da mãe e a do meu irmão, porque eles também lavam os dentes.

Margarida: O meu pai lava os dentes comigo, mas às vezes a minha mãe lava os meus dentes…mas não lava os dela.

Ana Luísa: Lavo os dentes sozinha com a minha escova verde e vermelha. A pasta é verde e é minha, da Catarina, da mãe e do pai.

Cantarolamos uma musiquinha para acompanhar o "ilustração" da história...




sábado, 13 de novembro de 2010

É tão bom uma amizade assim...

Ao fim de dois meses de actividades lectivas, a sala do Jardim de Infância continua sem Assistente Operacional que possa apoiar a tempo inteiro as crianças que a frequentam. Vou tentando responder aos interesses e necessidades de todas, mas num grupo de crianças entre os três e os cinco anos as solicitações são muitas e variadas o que torna esta missão de orientação e apoio numa missão "quase impossível" de se concretizar de uma forma plena e satisfatória, com todas as crianças. Pois se há crianças sempre ávidas de partilhar experiências e de novas aprendizagens, independentes e autónomas, há também aquelas que quer pela sua idade, quer pela falta de estímulo e motivação, necessitam de maior apoio e incentivo. 
Confesso que muitas vezes me sinto literalmente como diz o velho ditado "uma tola no meio da ponte"... Grosso modo, o que devo fazer? Travo os que vão à frente, para puxar os que vêm atrás? Ando com os da frente e deixo por alguns momentos os que estão atrás? "Empato" os que vão à frente e venho ajudar os de trás a aproximarem-se? Vou tentando gerir de uma forma equilibrada as minhas opções tendo em conta, muitas vezes, a pertinência das solicitações no imediato.  Em termos de resposta individual, poderia fazer muito mais se houvesse mais um adulto na sala que pudesse colmatar as minhas "ausências" quando, inevitavelmente, tenho de orientar a minha atenção para um pequeno grupo de crianças ou apenas para uma criança.
Por isso todo o "voluntariado" é bem-vindo  e este post serve para agradecer aos Amigos que vêm à nossa sala partilhar "Brincadeiras"...

Sempre que possível, às terças-feiras à tarde, a professora Manuela vem "ginasticar" connosco. Durante cerca de uma hora brincamos com as nossas capacidades coordenativas. Esta semana trabalhamos a capacidade de diferenciação cinestésica, que "é a capacidade de diferenciar as informações provenientes dos músculos, tendões e ligamentos, que nos informam sobre a posição do nosso corpo num determinado momento e espaço e que nos permite realizar as acções motoras de uma forma correcta e económica, conseguindo assim a coordenação dos movimentos." (Rui Nuno Carvalho)



Às quartas-feiras à tarde, a Educadora Ana (Coordenadora do Departamento da Educação Pré-Escolar) vem visitar-nos. Esta semana trouxe-nos um livro da Biblioteca da Escola Sede e contou-nos a história do "O Cuquedo". E entre histórias e brincadeiras a Educadora Ana dá-nos uma ajuda preciosa.


Também quem nos dá uma ajuda preciosa é a dona Alice que, sendo a única Assistente Operacional no Estabelecimento de Ensino, sempre que tem um tempinho entre as suas funções   (nas quais se incluem as muitas "miudezas" do funcionamento diário e o atendimento às solicitações das três salas da EB1/JI), à tarde vem Brincar connosco... As crianças adoram sentar-se ao seu redor e fazer "tecelagem" ou modelar a plasticina. Também nos ajuda na requisição dos livros que semanalmente cada criança leva para casa, para ler em família (PNL: "Leitura em Vai e Vem"). Até já escolhemos um nome para designar estes momentos... "As tardes da Alice" :o) 

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

"Maria Castanha"...em dia de S. Martinho.

Em dia de S. Martinho, aproveitamos os bonecos desenhados pelos nossos amigos do 2º Ano, que os fizeram quando andavam no Jardim de Infância, e contamos a história da "Maria Castanha" ... 
Depois fomos até à sala que os nossos amigos do 2º Ano partilham com os do 1º Ano para lhes contarmos esta história... e o Diogo ainda se recordava de ter desenhado as duas casas...
Os nossos amigos também nos contaram a "Lenda de S. Martinho", pois estavam a fazer um trabalho sobre ela.

No regresso à sala, ainda houve tempo para umas "macaquices" :o)



E para finalizar bem este dia cinzento e frio, aquecemos as mãozinhas com castanhas assadas no forno do fogão da cozinha...
Para dar cor à festa, os Pais, ou os Avós, deram uma ajudinha na construção dos cartuchos que todos trouxeram de casa... Como eu e a dona Alice nos esquecemos dos nossos cartuchos, a Beatriz ofereceu-nos dois dos dela, pois o avô ajudou-a a fazer quatro...
Uma festa entre Amigos...que havemos de repetir em dia de Sol, com uma fogueira, para depois nos enfarruscarmos...como manda a tradição :o)

domingo, 7 de novembro de 2010

"Vamos poupar para oferecer um presente a um amigo"

Tudo começou durante uma conversa matinal, quando o Gonçalo já chegou à sala com as calças sujas nos joelhos, depois de uns pontapés na bola com os amigos na erva humedecida pelo orvalho. Esta é uma situação que se tem repetido nos últimos dias e a Jéssica demonstrou alguma preocupação quanto aos gastos que a mãe do Gonçalo terá de fazer se ele continuar a sujar as calças repetidamente.
A partir daqui surgiu uma conversa sobre gastos e poupanças. Afinal para que serve o dinheiro e como pode ser ganho?
Como é que os Pais ganham dinheiro e para que o usam, foram algumas das questões discutidas. Os Pais não gastam só dinheiro quando vão ao supermercado, ou lhes compram um presente. Os Pais gastam dinheiro quando em casa se abre uma torneira para encher um copo de água, se acende a luz no quarto ou se vai dar um passeio de carro. O Afonso quis saber como é que eu ganho dinheiro e demonstraram um misto de espanto e satisfação quando lhes disse que ganhava dinheiro quando “BRINCAVA” com eles…
As palavras “crise” e “poupar”, actualmente, fazem parte das conversas familiares. Estes conceitos são também discutidos pelas crianças e desde muito pequenas é importante explicar-lhes a necessidade da poupança e ajudá-las a perceber que devem ter algum dinheiro guardado para alguma emergência (como por exemplo o arranjo ou a substituição de um brinquedo estragado) e devem também poupar dinheiro para, mais tarde, comprarem algo que necessitam ou desejam.
A Jéssica lembrou que quando as pessoas não têm dinheiro podem ir ao Banco. Expliquei-lhes que o Banco só nos dá dinheiro se antes lá tivermos posto algum na “nossas caixinha” … E que por vezes nos pode emprestar, mas que depois temos de devolver … e como foi emprestado, quando devolvemos, o Banco pede sempre um “bocadinho” mais do que aquele que empresta.
Geralmente, quando encontro algo “baratinho” que acho que, durante o ano, pode ser útil em alguma actividade compro e espero uma oportunidade para utilizar. Foi o que aconteceu com os mealheiros que já há algumas semanas estavam guardados numa caixa para um eventual projecto de poupança.
As crianças criaram a oportunidade, por isso bastou “abrir a caixa” e as coisas foram, naturalmente, acontecendo.
Todos têm em casa um mealheiro (ou um “migalheiro” como a maioria lhe chama…ou um “peteiro” como algumas avós o apelidaram) e todos têm moedas … ou quase todos, pois o Afonso diz que tem “zero moedas”.
Inicialmente a ideia era poupar para comprarmos um brinquedo, no Natal, para oferecer a uma criança que de outra forma não o poderia ter. Mas esta noção de ajudar alguém que as crianças não conhecem, nesta faixa etária, é um pouco abstracto. E o Vitor disse:
-Eu gostava era de juntar para comprar um presente para mim…
-E o que compravas tu? – perguntei-lhe.
-Um Prorshe…de verdade.
A dona Alice que se tinha juntado a nós nesta conversa, quando veio contar o número de crianças que almoçariam nesse dia na Cantina, disse:
-Ó Vitor e se poupasses para dar um presente a um amigo?
Bingo!!! A dona Alice tinha dado um passo importante para a finalidade que se poderia dar ao dinheiro que cada um irá poupar.
A ideia agradou de imediato ao Vitor que escolheu o Gonçalo como o amigo a quem vai oferecer um presente no Natal. Como havia mais dois mealheiros, eu e a dona Alice também iremos entrar no “Jogo da Poupança” e o Afonso fez recair a sua escolha em mim. As escolhas foram-se sucedendo de uma forma espontânea...
Estávamos ainda no processo das escolhas e o Vitor perguntou ao Gonçalo qual a prenda que ele gostava de ter:
- Um Faísca Mcqueen azul. – respondeu o Gonçalo.
-Mas isso é muito “caríssimo”!!! - disse o Vitor já a pensar numa forma de poupar – No sábado vou arrumar o meu quarto e quando a minha mãe acordar vai-me dar duas moedas.
O Afonso pensa oferecer-me uma boneca ou uma Hello Kitty“É disso que as meninas gostam”, disse ele.
Na sexta-feira lá foram os mealheiros para casa e as “regras” deste jogo, juntamente com algumas dicas... Ver aqui e aqui...
As poupanças poderão ser feitas a partir de “pagamento” de pequenas tarefas que as crianças possam executar para ajudar os Pais, ou por troca de algo que elas abdiquem, como por exemplo uma chiclete quando vão ao Café ou de uma “bola” da máquina, guardando no mealheiro essa moeda. 
Uma das regras chave deste “jogo” é que nenhuma criança poderá ganhar uma moeda se não a merecer realmente.
Mais perto do Natal, cada criança deverá trazer o seu mealheiro (cujas chaves ficarão na sala do JI) para que faça a contagem das moedas que economizou. Depois de contas feitas tentaremos ir a uma loja em que cada uma terá, consoante as suas poupanças, de escolher um brinquedo para oferecer ao amigo ou amiga.


Nota: Pais, vamos tentar que no segundo período cada criança poupe para si e que no terceiro período cada uma poupe para uma causa solidária.