As primeiras semanas são sempre momentos de reencontros, novos encontros, criação de laços afectivos e também de organização de espaços e criação de regras para a sua utilização. Desta forma o grupo consegue criar uma dinâmica de convivência que permitirá fazer uma gestão do espaço e do tempo equilibrada e consistente. Nesta faixa etária é importante definir claramente o que se deve e pode fazer, ou o que não se deve nem pode fazer, quando e onde.
Sem Assistente Operacional que auxilie o trabalho da Sala do Jardim de Infância (menos dois braços, duas mãos e dois olhos para ajudar a orientar) foi necessário responder quase de imediato aos apelos das crianças que já tinham frequentado este espaço o ano passado: “Onde é o meu cabide?” (casacos das crianças que já frequentavam misturavam-se com casacos e mochilas das crianças que chegaram pela primeira vez e que nem sabiam o que era seu); Qual é o meu lugar no placar? (mesmo com o placar completamente vazio, surgiam dúvidas onde afixar os desenhos); “Onde está a “pulseira” da minha garrafa? (garrafas de água da mesma marca trocavam de dono a cada utilização); “Quero ir para o recreio, mas não sei do meu chapéu!” …
Os meus braços, mãos e olhos começavam a cruzar-se de tal forma que percebi se quisesse ter “pernas para andar” nesta história, teria de dar privilégio à independência e a autonomia. Por isso a opção foi de imediato “organizar para funcionar”. Na maioria das vezes com um olho na criança com quem trabalhava na escolha e recorte das letras, da cor do saco de papel, ou das missangas, palhinhas e botões que enfiavam com uma agulha e outro olho nos que brincavam ao nosso redor, lá fomos organizando as coisas. Apesar da “ansiedade” que por vezes estes momentos causavam, este contacto criança a criança, surtiu efeitos muito positivos no conhecimento dos seus gostos e também na observação daquilo que elas são capazes de fazer e da forma como o fazem.
Com três salas para apoiar e limpar, a dona Alice, por vezes, lá conseguia um bocadinho para se juntar a nós e dar “uma mãozinha” no “caos” a que por vezes a “ordem” obriga.
No final de duas semanas os nossos objectivos foram alcançados e isso reflectiu-se na “tranquilidade” que nestes dias já conseguimos alcançar para partir para outros voos…
E a julgar pelo “bater das asas” não falta entusiasmo… Voemos então :o)