"Em toda a infância houve um jardim. Isto é coisa de poetas."

Augustina Bessa-Luís

sexta-feira, 4 de abril de 2014

"Última Ceia", o quadro da casa da avó...

Tudo começou quando a Rita falou na Páscoa.
-Está quase a chegar à Páscoa. - disse a Rita.
-E o que se faz na Páscoa? - perguntei eu.
-Comem-se ovos de chocolate, amêndoas e amendoins. - respondeu.
-Só acontece isso quando festejas a Páscoa em tua casa?!
-O Jesus também vai a minha casa na Páscoa... Vai a pé e entra pelo portão.- respondeu a Rita.
-O Jesus já morreu! - disse o Diogo. Ele fez barulho na missa e morreu!
E começou a discussão que rodou à volta da morte ou "não morte" de Jesus.

Decidi contar-lhes uma história sobre um menino chamado Jesus. As crianças já conheciam a história do seu nascimento. Desta vez falamos sobre a história da sua morte. 
Jesus era um homem bom e muitas eram as pessoas que gostavam dele. Procuravam-no para estar e conversar com ele. Numa cidade chamada Jerusalém morava um rei chamado Pôncio Pilatos e que não gostava de Jesus. Este rei mandou os seus soldados procurá-lo e prendê-lo, mas eles não o conseguiram encontrar.
Um dia Jesus fez um jantar com os seus 12 amigos, os discípulos. Só que um desses amigos, Judas, não era tão amigo como se pensava e contou aos guardas onde podiam encontrar Jesus. 
Jesus foi preso e colocado numa cruz, onde acabou por morrer.
Como as pessoas gostavam muito dele ficaram tristes e choraram. E porque acharam que todos deviam conhecê-lo decidiram escrever um livro com a sua história, que se chama Bíblia, e construir casas, que se chamam igrejas, onde as pessoas pudessem ir para ouvir as histórias da sua vida.
E como no tempo em que Jesus viveu, as pessoas não usavam máquinas fotográficas, telemóvel ou tablets, muitos anos mais tarde, um senhor italiano chamado Leonardo da Vinci decidiu pintar o retrato do último jantar que o Jesus fez com os seus amigos e chamou-lhe "Última Ceia".

Quando vimos a imagem do quadro na nossa pesquisa da Internet, o comentário de várias crianças foi:
-Em casa da minha avó tem esse quadro!
(Na casa da minha avó também havia um.)

E partiu daqui a ideia de cada criança recriar este quadro.
-No meu quadro o Jesus vou ser eu. - disse o Diogo.
E outra ideia surgiu. Sendo 13 o número de crianças no grupo, imprimir as suas fotografias e transformar os amigos nos Apóstolos foi uma ideia aceite por todas.

Na recriação do quadro, as "competências" matemáticas estiveram muitas vezes presentes (aliadas à oralidade, à motricidade fina e à expressão plástica). Quem fica ao centro, quantos ficam de cada lado, fazer corresponder um par de pernas (por baixo da mesa) a cada corpo, fazer corresponder um prato a cada pessoa, a forma do quadro, o número de velas (porque naquele tempo também não havia eletricidade), foram noções que também foram discutidas.

O humor também esteve presente e a deixa do Paulo tornou-se na piada do dia. Estava o Pedro a fazer a distribuição dos amigos na folha do seu quadro quando disse:
-O André vai ficar nesta ponta.
-Então é o André que vai apagar a luz. - disse o Paulo.
A partir dali, entre muita diversão, as crianças começaram a escolher quem é que ia apagar a luz no seu quadro.

O Diogo continua a insistir em ir a casa da Rita para conhecer o Jesus. Lembrei-o que já fomos a casa da avó da Rita ver o Jesus no Presépio. O Paulo disse-lhe:

-Não te preocupes Diogo, que o meu tio Quico leva-o a tua casa.
(O tio Quico faz parte do Compasso Pascal na sua freguesia).






Muitos profissionais de educação chamariam a isto que nos aconteceu "pedagogia de situação"... 
Eu prefiro chamar-lhe "o abraço da oportunidade" :-)

Tenham umas excelentes férias da Páscoa...



Nota: Aqui ficam dois links para os vídeos que vimos durante este dias...



2 comentários:

  1. Significativo, contextualizado, relevante.
    Uma bela forma de abordar a Páscoa, à semelhança do que costumam fazer.
    Páscoa Feliz para todos!

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  2. Obrigado Fixes....Boas férias para vocês também...

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