"Em toda a infância houve um jardim. Isto é coisa de poetas."

Augustina Bessa-Luís

sábado, 2 de abril de 2011

Momento Soltos de Março

Ao olhar para o “Mapa das Presenças”, na semana passada, a Jéssica disse:
-O tempo passa tão rápido!!! Já temos quase o mapa de Março cheio…
Pois é, o tempo passa rápido quando o preenchemos de uma forma agradável…E sem dúvida que este mês foi “super-preenchido”…

Logo no dia um, tivemos um dia preenchidíssimo…Casa da Música, Serralves e Planetário. De seguida o Carnaval e o Dia do Pai não tardaram. Com a chegada da Primavera, começaram as sementeiras… Girassóis, plantas aromáticas, morangueiros, amores-perfeitos, petúnias e muitas sementes para a Horta, ocuparam alguns dos nossos dias no projecto “Plantar Portugal”.

Juntamente com as sementes da Horta, também semeamos palavras e os livros, como em todos os outros dias, dos outros meses, foram reis. A partilha com os amigos, miúdos e graúdos, será inesquecível.

Mas se os livros são reis, as árvores são rainhas e por isso não nos esquecemos de as ir visitar e dar-lhes um forte abraço, como só os amigos sabem fazer.

E como a chegada da Primavera nos ofereceu alguns dias de Sol, nós aproveitámo-los para visitar também o Horto do senhor António. E por um caminho com cheiro a hortelã, encontramos muitos amigos. Dissemos olá à dona Cecília, que dias mais tarde nos veio contar histórias, aos peixinhos que moram no lago da casa da Ana e ao pai do André, que aquela hora já andava de volta das panelas a preparar o almoço para os clientes do restaurante onde trabalha.

No Horto, esperava por nós a Liliana, que lá trabalha e que muitos de nós já conhecíamos. E foi nos terrenos do Horto que a Francisca C. fez uma incrível descoberta que anunciou ao Mundo, entusiasmada:
-Descobri um esqueleto de Dinossauro!!!
Não podíamos perder a oportunidade de ver um esqueleto de dinossauro e por isso corremos para o local da descoberta. Os nossos especialistas nesta matéria foram os primeiros a chegar. Enquanto o Gonçalo observava atentamente o valioso achado, o Vitor disse:
-É um esqueleto do T(io)-Rex!!!- e de tão emocionado que estava, até lhe deu duas beijocas.

Mas as descobertas não se ficaram por aqui. Um dia descobrimos uma gata num caixote, à porta da cozinha…com dois gatinhos… Depois de perceber a nossa curiosidade a gata escolheu outro sítio para cuidar dos seus filhotes.

Enviado pela Professora Celeste Aires, chegou à nossa sala um saco cheio de “presentes”. Tantos livros e jogos que a sua filha nos ofereceu. A Leonor está a crescer e decidiu que já não precisava deles, por isso pensou em nós…Obrigada Leonor, um grande abraço para ti…

Com esta oferta a “Loja do Vitor” ficou mais recheada e, talvez por isso, um grupo de crianças empreendedoras achou que poderiam criar um negócio… E decidiram que a partir de agora a “Loja do Vitor” também vende livros…  
Parece que este é um negócio em expansão, a julgar pela afluência a este espaço, e à simpatia dos seus funcionários…

E no mês em que a Beatriz fez anos e começou a Primavera, não podiam faltar as flores, por isso elas também fizeram parte do nosso centro de interesses. Flores para plantar no jardim, flores de cartão enfeitadas com cereais, leguminosas e massas, para a sala e flores recortadas nos restos dos nossos fatos de índios, e cosidas pela dona Alice, para enfeitar o alpendre…

E para rematar a conversa sobre o mês em que, como diz o ditado, “ tanto durmo como faço”, vou contar duas histórias sobre a forma como as crianças “lêem” o tempo.
A primeira tem como protagonista o João Pedro e aconteceu durante o mês de Fevereiro, que terminou a numa segunda-feira. Como tal, o mapa do mês que estava exposto para ser preenchido terminava nesse dia…Apenas um dia após o fim-de-semana.
Num dos dias da última semana do mês de Fevereiro, em que a mãe do João o veio buscar para almoçar, perguntou-me:
-Para a semana não há Jardim?!
-Há, porquê essa pergunta?!
-É que o João disse-me que para a semana só há um dia Jardim, e que por um dia não valia a pena vir à escola.
Lembrei-me imediatamente do “Mapa de Presenças” e da leitura que o João deveria ter feito. Depois de o ter mostrado à mãe do João, demos uma risada …e uma beijoca no João, que gosta muito de vir ao Jardim, mas que não perde uma oportunidade de passar um dia com a avó Eulália. À tarde preparamos o mapa do mês de Março, para que todos percebessem que o “tempo continua”…

A segunda história tem como protagonista a Jéssica e que nestes dias tem andado bastante interessada nesta questão de “como passa o tempo” e de “quanto tempo falta”…
Depois de já há algum tempo andar a contar os dias que faltavam para o pai viajar para Marrocos, um dia disse-me:
-Eu nasci em 2005 e agora estamos em 2011…Por isso eu tenho 6 anos…
E com um ar sério perguntou:
-Em 2001 ainda havia dinossauros, não havia?!
Pois é, 2001 para a Jéssica, para além de ser “há muito tempo atrás” é também o início de tudo… E eu, com uma vontade enorme de lhe dar um abraço, só me ocorreu dizer-lhe:
- Havia Jéssica. Eu sou do tempo dos dinossauros…e ainda conheci alguns…
Ela retribui-me o sorriso … E é tão bom sorrir com a ternura dos 6 anos…e também com a ternura dos 3, dos 4 e dos 5…




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