1meia + 1pau = 1 cavalo-de-pau
Há alguns dias atrás, de uma forma espontânea, falamos de cavalos. Lembrando-me dos cavalos-de-pau que já há alguns anos tinha feito, disse:
-Se trouxerem uma meia e um pau de vassoura, fazemos um cavalinho.
Não houve recado escrito e os dias foram passando sem mais falarmos no cavalinho que poderíamos fazer.
Ontem a Joana trouxe uma meia e um pau, porque quando chegou a casa e falou deste material, a mãe e o Filipe, o seu irmão que agora anda no 5ºAno, lembraram-se do cavalinho que há muitos anos fizemos.
A meia sem par transformou-se numa meia "ímpar" e o pau era de uma vassoura velha.
Inicialmente os objectos trazidos pela Joana não suscitaram grande entusiasmo...Mas quando a agulha, a lã, os botões e o tecido para as orelhas começaram a "desenhar" numa meia cheia de pasta de enchimento ... a magia começou a acontecer. A Joana tinha-se transformado numa cavaleira de um cavalo-de-pau...e a trote ou a galope todos queriam experimentar.
O Gonçalo, que durante algum tempo andou no hipismo, explicou aos amigos que andar a trote é "andar devagar" e a galope é "andar muito rápido".
O André, fascinado com o cavalinho, achou que o melhor era mesmo escrever um recado, para não se esquecer de trazer o material para o seu cavalo. Um exemplo seguido por outras crianças...
Hoje chegaram mais duas meias e dois paus. O André trouxe o cabo de uma enxada que o pai tinha comprado, mas ainda não tinha sido preciso e a Francisca trouxe o pau de uma vassoura que o pai serrou e da qual ela ainda aproveitou alguns "pêlos" para fazer outros trabalhos no JI. A Francisca não trouxe apenas uma meia, mas sim um par de meias, pois podia algum dos amigos não conseguir arranjar uma "meia ímpar"...
Já temos 3 cavalinhos ...e nos próximos dias outros chegarão...
CAVALEIRO DO CAVALO DE PAU
Vai a galope o cavaleiro e sem cessar
Galopando no ar sem mudar de lugar.
E galopa e galopa e galopa, parado,
E galopa sem fim nas tábuas do sobrado.
Oh!, que bravo corcel, que doidas galopadas,
– Crinas de estopa ao vento e as narinas pintadas!
Em curvas pelo ar, em velozes carreiras,
O cavalo de pau é o terror das cadeiras!
E o cavaleiro nunca muda de lugar,
A galopar, a galopar, a galopar!…
Afonso Lopes Vieira — ( Portugal, 1878-1946)
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